quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Cura

Hoje estava lendo a breve interpretação que Osho dá a carta denomina da A Cura do jogo transcendental do Zen e acho que se aplica muito bem ao momento presente.
“Você é quem carrega a sua chaga. Enquanto existir o ego o seu ser como um todo será uma ferida. E você irá carregá-la por aí. Ninguém está interessado em feri-lo, ninguém está de fato esperando para machucá-lo; todos estão ocupados em proteger seus próprios ferimentos. Quem teria tanta energia para ainda querer atingi-lo? Mas, ainda assim, acontece, porque você está demasiado pronto para ser atingido, demasiado pronto, apenas na expectativa de que alguma coisa aconteça.
...
Tenha consciência de sua ferida. Não deixe que piore. Cure-a! Ela só será curada quando você deslocar-se para baixo, para as raízes. Quanto menos estiver presente na cabeça, tanto mais facilmente a ferida será curada; não existindo a cabeça, não existe a ferida. Viva uma vida sem cabeça. Mova-se como um ser pleno, e aceite as coisas. Tente isso, apenas por vinte e quatro horas: aceitação total, aconteça o que acontecer. Se alguém o insultar, aceite a ofensa, não reaja, e veja o que acontece. De repente, você sentirá fluindo em você uma energia nunca antes percebida.”

a curaE o que é o Ego senão a melhor maneira que descobrimos para proteger nossas feridas. Passamos tanto tempo elaborando essa forma de defesa que findamos por esquecer o que estávamos escondendo e passamos a viver visando unicamente a manutenção do nosso sistema de defesa – o Ego.
E o que há por traz do Ego? Que feridas são essas que nos esforçamos tanto em proteger? Essas feridas são os nossos defeitos! Mas não é fácil perceber isso e, menos ainda, perceber quais são os nossos defeitos. Através do nosso sistema de defesa - o Ego - mesclamos nossos defeitos às nossas virtudes. Assim, findamos por enxergar apenas nossas próprias qualidades.
Mas como em nosso nível de existência não há nada perfeito, o Ego também tem a sua brecha. O Ego aponta nos outros aqueles defeitos que mais teme que sejam descobertos – sua ferida. Assim, para encontrarmos a cura para as nossas feridas basta que não mais escondamos de nós mesmos aqueles defeitos que teimamos em apontar nos outros!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Madre Tereza

madre-teresa-de-calcuta

“Cristo, conforme compreendo sua mensagem, jamais nos pediu que fizéssemos grandes feitos ou fôssemos santos, missionários. Pediu-nos apenas que amássemos. E é claro que tinha consciência, ao formular semelhante pedido, de que cada um de nós amaria numa dedida e numa dimensão diferente. De modo que não há lugar para comparações entre o que esta ou aquela pessoa fez ou faz pela humanidade; o que se pode confrontar é a coragem individual em demonstrar o amor com que se é capaz de amar.”

Enxerto extraido de A força eterna do amor por MAdre Tereza de Calcutá, psicografado por Robson Pinheiro e editado pela Casa dos Espiritos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Quando caem os Heróis

heroi

Quando menino, lembro-me de que ao assistir os filmes do Super Homem, achava fantástico que, apesar de todas as dificuldades, ele sempre vencia; enquanto meus colegas choravam ou se angustiavam nas “horas difíceis”, eu mantinha a calma, dentro da minha certeza infantil, o “Meu Herói” só levava pancada do vilão porque era bom; afinal era preciso dar um “pouco de esperança ao vilão, senão perdia a graça”, pensava eu.

Hoje já crescido em idade, deixei de ter a visão do herói fantástico do cinema, aquele imbatível, invencível, a imagem de todo o bem. Humanizei meus heróis. Passei a vê-los capazes de muitos acertos, poucos erros e mínimos defeitos.

Reconheço, porém, que ainda assim, trago um erro de concepção, pois mesmo tendo-os como humanos, ainda os faço super.

Esta imagem de super com a qual “vestimos” nosso herói, seja ele nosso Pai, amigo ou ídolo do time de coração, tornar-se muitas vezes injusta para quem a usa e cruel para conosco. Pois junto com a capa do herói, revestimo-los com o poder de controlar nossas emoções. Se acertarem, ficamos felizes, já se erram...

Esta concepção errada esconde em si, o principio de todo o mal, seja aquele que fazemos a nós ou ao próximo: nós transferimos responsabilidades. Nunca somos nós, os capazes de trazer ou levar felicidade; nunca somos nós os responsáveis por nossas próprias ações.

Para isso basta olhar com maior atenção para o que está acontecendo com o goleiro do Flamengo; a moça fez do goleiro o objeto de sua felicidade, seu “herói”, aquele capaz de assegurar-lhe uma vida boa, independente da vontade dele, afinal “herói” tem que fazer e pronto. O goleiro imputou ao amigo a responsabilidade de livrá-lo do problema, já que “herói” resolve tudo. O amigo por sua vez transferiu a outrem, afinal o “herói” tem sempre seus “ajudantes” e assim, foi-se até o trágico fim da história.

Este tipo de atitude, no qual nunca somos responsáveis e conseqüentemente culpados por nossas ações e ou sentimentos, torna-nos seres infelizes, imaturos emocionalmente; seres que permitem que a humanidade de nossos “heróis” diminua em nós nossa própria humanidade. No dia que descobrirmo-nos heróis de nós mesmos e daqueles que estão ao nosso lado (afinal, todos somos, pais, e ou filhos, e ou amigos, etc.), seremos capazes de vestir a capa da responsabilidade por nossas ações, dando assim, o primeiro passo para superar nossa “criptonita” (Ego), tornando-nos seres despertos e conscientes, aos quais Jesus referiu-se ao dizer: Sois deuses (João 10:34).

Por Emerson Tomas

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Lírios

Lirios

Olhai os lírios do campo

Belos e despretensiosos

Distribuindo sorrisos

Sem se preocupar

Com o campo

Com o tempo

Apenas perfumando

Se doando

Em flor

AMOR

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Evolução da Forma

Toda forma que vês
Tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma se desvanece, não importa,
Permanece o original.

As belas figuras que viste,
As sábias palavras que escutaste,
Não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante,
O rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?

A alma é a fonte,
E as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.

Tira da cabeça todo o pesar
E sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser,
Uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral;
Depois, te tornaste planta,
E mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem,
Com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
Vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
Decerto hás de regressar como anjo;
Depois disso, terás terminado de vez com a terra,
E tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical,
Entra naquele oceano,
E que tua gota se torne mar,
Cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo
E diz sempre "Um" com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.

- Rumi -
(Texto extraído do livro "Poemas Místicos", do brilhante poeta sufi Jalal Ud-Din Rumi; Editora Attar).